Floripa

    Estivemos em Floripa no feriado de 15/11/07. A verdade é que despencamos por lá. Estávamos fuçando a Internet para encontrar um lugar para descansar (Sílvia, sendo professora, juntando final de ano, só pode dar em estresse), quando encontramos passagem aérea quase-que-de-graça. Foi clicar, comprar e embarcar. Reservamos uma pousada na Praia da Armação, que no momento, para dois amadores, pois nunca havíamos estado lá, era só uma pousada em Floripa. Não posso dizer que o Bruno não tenha me avisado: Pai, em Floripa, só tendo carro. Ora filho, a gente se vira com taxi, ônibus, qualquer coisa. Bem, o moleque tinha razão. Depois de 30 minutos de taxi chegamos à Pousada Alem do Mar (http://www.alemdomar.com.br), fomos recebidos pelo Paulo que fez das tripas coração para nos arranjar um carro, e acho que conseguimos o último ainda não locado, que nos salvou a viagem.
    Floripa é uma cidade incrível. Neste primeiro dia, fomos visitar o centro. Passeamos a pé pelo mercado, pelas praças, até pelo "comércio informal", vulgo camelôs, e ficamos impressionados pela limpeza da cidade. Não há papel no chão. Que diferença de São Paulo... E o sotaque das pessoas, coisa mais linda, é português. Os autóctones são descendentes de açoreanos e falam como na Santa Terrinha, ora pois.
    À tarde, fomos conhecer nossa praia. Sim, nossa mesmo. Só havíamos nós e mais duas ou tres pessoas. Que delícia. É verdade que o mar na praia da Armação é bem bravo, mas lá na vila, de onde saem os pescadores é calmo e gostoso. Eu disse gostoso, não quentinho. Porque a água é gelada.
   Anoitecer, fome apertando, fomos "para casa" e perguntamos ao Paulo onde poderíamos comer, adivinhe, camarões, claro. E a dica dele foi espetacular: no Pântano do Sul, no final da vila, na esquina com a praia está o Arante, restaurante tradicional da ilha. E que dica! A apenas 5 quilômetros de casa, numa praia deserta, a não ser pelos pescadores que lá vivem, com uma cozinha espetacular, farta, (meio prato dá muito bem para dois, e olhe que nós comemos, hein), e super barato. E depois do jantar passear pela praia catar conchinhas - sim, elas existem lá -, namorar... Você quer vida melhor?
    Dia seguinte, sol gostoso, vamos conhecer a ilha. Começamos a subir passando por Campeche, Joaquina, até chegar à Lagoa da Conceição. A mim me pareceu estranhíssimo uma lagoa tão grande no meio de uma ilha. Mas a lagoa é muito linda. O problema, para nós que gostamos de mato e sossêgo, é a "civilização" do lugar. Casas, prédios, restaurantes enormes, chiques, barcos, gente, gente... E ainda nem havíamos chegado à Praia dos Ingleses!!! Esta sim, uma muvuca total. O jeitão me lembrou Porto de Galinhas. Prédios, shoppings, restaurantes à beira mar lotados de gente que os ônibus de excursão vomitavam, barulho. E como a fome já havia batido, paramos por lá mesmo para almoçar. Ai que saudades do Arante. Continuamos para Canasvieiras, Jurerê. Interessante que, com excessão  de Joaquina e Matadeiro (leia adiante) as praias quase não tem areia. A faixa é muito estreita, e já se está no mar. Resolvemos então visitar a Fortaleza de São José e tropeçamos com a mais linda prainha vista: a Praia do Forte. Desça pelo forte, à pé, e fique longe dos barzinhos lá do final, e você terá uma lindeza de prainha só para você.
    Nós lemos que na Ilha do Campeche há, além de trilhas, inscrições rupestres. Foi o que bastou para alguém que eu conheço ficar toda ouriçada e até esquecer que não sabe nadar e odeia andar de barquinho. E lá fomos nós, aí pelas 9 horas do outro dia para o ancoradouro da Armação. O tempo estava começando a mudar, e no dia anterior nenhum barco saiu, nem para a ilha, nem para pescar, devido ao vento muito forte. Os barcos que levam à ilha são pesqueiros, com capacidade para umas 20 pessoas, e aí pelas 10 horas saímos. Em meia hora, você chega à única praia da ilha. Desembarcados, cadê as pinturas? Na verdade não são pinturas; são figuras esculpidas na pedra. Tomamos uma trilha simples e gostosa e fomos apreciar. Em alguns lugares você vê formas em baixo relêvo, que são os lugares onde os moradores (de que época não se sabe) afiavam suas ferramentas com movimentos circulares. Do outro lado da ilha estão as figuras esculpidas. Terminada a parte cultural, atacamos o almoço, que era a sobra do jantar da véspera: filé de peixe com molho de camarão (delícia),  e fomos brincar na água.
    À medida que as horas passavam, o tempo ia fechando e nosso "almirante" tomando cerveja com os amigos. Enfim, resolveu levantar âncora, na verdadeira acepção da palavra, pois na Ilha não tem ancoradouro. O barco chega o mais perto possível da praia e você corre mar adentro (até a cintura só) e sobe pela escada de corda. Os 30 minutos da volta demoraram um tempão. O vento batia e nós galgávamos ondas de 1,5 a 2 metros. Chegados e aportados, veio a chuva. E ela gostou tanto de nós que não nos largou mais pelos dois dias seguintes. Sorte que havíamos visitado as praias e a Ilha do Campeche com tempo bom.
    Choveu a noite toda, e resolvemos fazer aquilo que desde o início queríamos: descansar. Acordamos tarde, tomamos café da manhã sem pressa, e fomos fazer massagem num lugar que a Sílvia descolou perto da pousada. Aliás esta pousada está perto de tudo, como vocês já vão ver. Depois da massagem e do almoço fomos visitar o Ribeirão da Ilha, vila que fica de frente para o continente, e foi fundada pelos primeiros imigrantes açoreanos. Ela é muito simpática e conserva várias casas da época. À noite, quisemos dar uma pausa em "coisas do mar" e Sílvia perguntou ao Paulo se havia por alí algum restaurante vegetariano, imaginem só.  E qual não foi minha surprêsa quando ele disse: vegetariano não, mas a 100 metros daqui, na estrada, tem um naturalista, que é um vegetariano com carne de frango. E que comida gostosa, tem o Nutri Lanches. Caseira e muito bem preparada.
    No último dia a chuva não deu trégua. Bom, vestimos as capas e fomos passear a pé por alí mesmo. Mal havíamos andado 500 metros e nos deparamos com a Lagoa do Peri. Que lugar mais lindo! A lagoa, respeitadas as devidas proporções, lembra aqueles lagos maravilhosos da Patagônia. Só que perto deles, a água até que é quentinha. A Lagoa do Peri é um parque municipal com várias trilhas muito gostosas de se andar. Vale a pena. À tarde fomos à mais linda praia que descobrimos por lá: a Praia do Matadeiro. Vá até o embarcadouro da vila da Armação, atravesse o riacho e suba o morrete. Pronto lá está você numa praia linda, linda. Sílvia ficou tão entusiasmada que correu para tomar banho de mar, apesar do frio e da chuva. Não tenho fotos dela, mas acredite, vale a pena. Aliás Floripa que nos aguarde. Logo, logo voltaremos. Que cidade mais gostosa. Mas lembre-se de ficar no sul da ilha, nessa natureza tão bela.

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