O paraíso existe; ele fica no sertão da Bahia!

A Chapada    

A trilha dos Vales do Capão e do Paty deve ser feita sem prazo para terminar. Dê tempo ao tempo. Curta, respire, mergulhe, coma as paisagens incríveis que há por lá.

Bruno, José Claudio, Ivonete, Alan

    Nossa aventura começou em Caeté-Açu, último vilarejo com eletricidade e telefone antes de entrar nos Vales. Chegamos ao entardecer e fomos a uma pousada (não lembro o nome) que fica em frente à trilha que leva à Cachoeira da Fumaça. A noite baixou e fomos a Caeté-Açu jantar pizza. Onde? Na única pizzaria da vila, pertencente a um suiço que se apaixonou pela Chapada e alí se radicou. Quando você pedir o cardápio, ouvirá: "Só temosh pizza de cenourrrra!". De cenoura? Sim, e é uma delícia, pode crer!!!!
    O dia seguinte nos saudou com uma chuva fina lembrando São Paulo, a qual no decorrer dos dias nós abençoamos, pois nos escondeu do sol abrasador de janeiro. Mochila nas costas, vamos à Fumaça. Uma hora e meia de subida, mais duas horas de caminhada pelo planalto, e chegamos. Cansados, mas felizes. A vista que se tem lá de cima é indescritível. São 400 metros de queda, e dos dois lados, paredões que "abraçam" a cachoeira. De volta a Caeté-Açu, chegamos a tempo de pegar uma carona num caminhão que nos levou até metade do caminho para o Bomba, povoado que fica no sopé da serra que leva aos Gerais do Vieira, onde pousamos.
    Acordamos e começamos a subida para os Gerais do Vieira. A trilha serpenteia por um costão de morro que parece não ter fim. A paisagem é deslumbrante. Dali se avista todo o Vale do Capão. Vencida essa subida, chega-se aos Gerais. Um platô a mais de 1.000 metros de altura, parecido com os pampas, só que totalmente florido...

    Os Gerais do Vieira estendem-se por mais de 10 quilômetros, numa caminhada que a princípio pode parecer leve, mas que na verdade não é tão fácil, principalmente se o chão estiver lamacento. Ao término dos Gerais, chega a hora da descida. São 4 quilômetros de uma loucura: ao pisar, a lama segura a bota, e depois você escorrega. A cada passo é a mesma coisa. Você vai se segurando onde pode. Árvores, raízes, cipós, até no ar, antes da queda. Uma hora e meia desta loucura. Loucura maravilhosa apesar de extremamente cansativa. Este é o dia mais cansativo da aventura. Enfim chegamos à Ruinha, uma igrejinha abandonada onde muitos viajantes param para acampar. Paramos para descansar um pouco, tomar um bom fôlego, comer alguma coisa, e toca a subir para a casa do Seu Wilson onde iríamos pernoitar. Subida brava, descida pior. O dedão bate na ponta da bota e começa a doer. Enfim, após uma hora e meia chegamos. A família do Seu Wilson é muito simpática. Vale a pena uma visita para bater um papo com eles (e tomar uma branquinha, pois ninguém é de ferro...).
    Dia seguinte foi de descanso. Deveríamos subir o Morro Branco do Paty para visitar uma gruta, mas Seu Wilson desaconselhou: com esta chuva, está tudo muito lamacento e escorregadio, e o caminho é perigoso...
    Acordamos e partimos para a parte mais linda da trilha: o Vale do Paty!

 Até o tempo nos brindou; parou de chover, e pudemos atravessar o Vale com um sol tímido mas muito gostoso. Fomos à Prefeitura, outra ruína onde o pessoal acampa, contornando o Morro do Castelo (ou Morro Branco do Paty), uma incrível formação rochosa que se assemelha a um castelo medieval. Na hora do almoço paramos em uma piscina natural do Rio Paty, um lugar paradisíaco! O resto da caminhada, bem leve em comparação aos dias anteriores, foi indescritível, numa comunhão maravilhosa com a natureza. Atravessamos o Rio Cachoeirão, de águas vermelhas, e fomos à casa do Seu Mansur pernoitar.
    O dia seguinte foi de um "passeio" às cachoeiras do Boqueirão, no Rio Cachoeirão. A trilha é difícil e muito cansativa. Bruno e eu chegamos só até o início das pedras gigantes no leito do rio. Caímos de cansaço. Alan e Ivonete seguiram até as cachoeiras, quedas de mais de 150 metros de altura!
    O último dia é o dia de "subir a ladeira". Saímos às 6 horas, ainda de noite, e nos encaminhamos para a Ladeira do Império, uma subida de degraus de pedra, em zigue-zague, extremamente difícil e íngreme. Foram duas horas exaustivas de subida, mas afinal, lá em cima tem-se a vista mais linda do vale do Paty. A descida até Andaraí levou mais três horas, até que, exaustos mas felizes, chegamos ao nosso destino.

O Vale do Paty visto da "subidinha"

 

 

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